terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mais uma vida jogada fora,

Um coração que já não bate mais descanse em paz,

Sonhos que vão embora antes da hora,

Sonhos que ficam pra traz.

A mensagem chegou as 16h54minh do sábado dia 22/11/2008.

O ataque de choro veio instantâneo. Haviam matado um dos nossos meninos,

Mas não era qualquer um, era o mais sorridente, o mais simpático, o que mais assediado pelas menininhas. O Curisco como era conhecido na capoeira entrou no tráfico,assim como entrava nas rodas de capoeira,como se aquilo tudo fosse uma grande brincadeira, mas nós apostávamos que ele fosse ser um grande capoeira assim como no morro apostavam que ele seria um grande traficante. Mas virar bandido, quem não tem sangue no olho, quem não nasceu com a maldade e malícia que só quem vende a morte em pó ou em pedras tem que ter, não é da noite para o dia.Não se transforma que tem boa índole em escória do dia-pra-noite como tentaram fazer com esse menino que durante 5 meses foi traficante.

E, no sábado, com 4 tiros a queima roupa morreu nosso menino,que nem tão meu era assim,mas era dos filhos mais queridos do Marcelo.E me abalou tanto como se fosse dos meus.No CRAS era dos mais queridos,o sorriso muito branco e que sempre vinha muito fácil no rosto de adolescente o fazia ser tão amado.

Não fui ao velório. Não teria coragem de olhar deitado num caixão o moleque que sempre vi sorrindo e fazendo pose de mano pra tirar fotos, mas assim que a foto era batida abria um sorrisão ao ver a pose na tela da câmera.

Não vou discutir, nem falar o que penso sobre “situação-sócio-politica-economica-que-faz-com-que-percamos-nossas-crianças-para-o-mundo-maléfico-do-trafico”, não vou expressar minha revolta com o que não consigo mudar (mas vou continuar tentando).

Só digo uma coisa: pais, conversem com seus filhos. Só a capoeira (e outras ONG’s maravilhosas) não farão tudo sozinhas.

“E agora a dor é do tamanho de um prédio,

A casa sem ele vai ser um tédio,

Não tem remédio, não tem explicação, não tem volta.

Os amigos não aceitam, o irmão se revolta e a namoradinha

Com quem sonhava se casar todo mundo toda hora tem

Vontade de chorar...”

“Aquele brilho no olhar e o jeitão de criança agora não passam de uma lembrança

E a esperança que ele esteja bem seja onde for não diminui o vazio que ele deixou,

A tristeza as vezes é tão forte...”

(Trechos da música – Pra onde vai você- Gabriel O pensador.)

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